Meus Versos

Meus versos não fazem ecos

pato pra mim é marreco,

borboleta vira mariposa,

e os peixes já não morrem pela boca.

Meus versos não têm estrutura certa,

às vezes, a coerência se dispersa.

Nada rima com chegada

e a harmonia foge em disparada.

Cada estrofe dura uma eternidade,

quando cai no papel vira saudade.

A folha branca fica manchada,

- rabiscos disformes de cor azulada.

Não busque sentido onde não irá encontrar.

Só enxergará toda a beleza, se for capaz de interpretar.

Mas para interpretar, é preciso abrir a mente,

e, talvez, descobrirás o que esta poetisa sente.

Entre o amor e a paixão

existe uma forte atração.

Entre o amor e a razão

quem perde é o coração!

Para entender meus versos, tens que conhecer a dor.

Pra viver em poesia, só perdendo um grande amor!

As rimas mais bonitas, também são as mais tristes.

Esta pobre poetisa sofre, simplesmente porque existe!

Viageiro

De repente você chega, assim, sem avisar.
Vai entrando, atrevidamente, sem pedir para entrar.
Sem qualquer explicação, ou pedido de perdão,
adentra sem desculpas e, também, sem qualquer culpa.
Sente-se em sua casa, como um dia o foi...
Atropela as palavras, exagera na graça.
Conta muitas histórias, todas sem muitas glórias.
Vai abrindo espaço
ocupando um pedaço que jazia empoeirado,
convenientemente esquecido, num abismo perdido,
para manter adormecido tantas marcas de dor.
E revirando guardados,
- todos bem maltratados,
se faz de abismado ao rever um passado
que sem qualquer cuidado, ao léu abandonou.
Na face, a indiferença.
No sorriso, o sarcasmo.
No olhar já não encontro
quem, um dia, me amou!
Quer viver o presente e esquecer o passado,
porque em sua vida pouca coisa mudou.
A tristeza foi minha, a solidão minha amiga.
A mágoa ficou com o espaço que você desocupou.
Fingir não adianta.
Desconversar é uma ofensa.
As atitudes marcaram mais que o próprio amor.
Sinto que não é o momento para se arrepender,
e não sei se, em algum momento, poderá me convencer.
Volte pelo mesmo caminho,
- aquele que quiseste caminhar sozinho!
Pois este meu coração, cansado de desilusão,
decidiu traçar seu próprio destino!

As palavras não conseguem explicar

um sentimento que se escapa no olhar,

faz morada dentro do coração

e transforma a vida em letra de canção... 

Escolha

Não sou parte de um todo
nem sou parte de nada,
escolhi ser sozinha
antes de ser desprezada.

Já sofri por amor.
Já chorei noite à fora.
Fiz promessas na dor
e arrependo-me agora.

Então, deixa pra lá!
Deixo a vida passar...
Não exijo mais nada,
- fase enfim superada!

No lugar da tristeza,
abre espaço um bom livro.
Quando o sono não chega
uso fones de ouvido.

Num belo fim de tarde,
uma bebida gelada.
E nos fins de semana,
bons amigos e balada!

Escolhi ser sozinha
e isso agora me basta.
Não conheço o desprezo,
minha vida tem graça!

Não sou parte de um todo
que não é tudo pra mim.
Nem sou parte de nada
que me faça infeliz!

Vamos... Agora!

Vou dormir,

vou sonhar,

ver a onde quero chegar.

Vou querer,

vou lutar,

e insistir, até ganhar.

Vou andar,

vou correr,

e aprimorar o meu saber.

Nessa vida

tudo passa

e nem tente entender.

Quer fazer,

faça agora.

Nada de se arrepender!

O passado

e história,

ninguém rouba a nossa vez.

O presente

é o agora,

tudo pode acontecer.

O futuro

não demora:
é bom aprender a viver!

Protesto

Marcha lenta, deprimida,

o destino de uma vida

que outrora foi guerreira,

confiante e destemida.

Já não anda a passos largos,

não confia no que tem.

Olhos fundos, rasos d'água,

companheiro de ninguém!

Sem Igual

Vejo a aquarela perfeita, - verde, amarelo, azul e branco.
Se faltar cor a gente ajeita, estamos sempre nos reinventando.

A liberdade irradia de norte a sul do Brasil.
Seja de noite ou de dia, o céu é sempre anil.

A molecada brinca de bola, pega-pega, pipa e peão,
é o futuro brilhante minando no solo desta nação.

É campo, é praia, é metrópole, - diversidade sem igual.
E uma floresta imponente, patrimônio mundial.

Aqui se fala baixinho, gritado e também arrastado.
É que o povo brasileiro é mesmo muito danado!

Milhões de vozes unidas, cantando uma mesma canção.
- Vamos crescer consciente, com raça, bravura e união!

Essa mistura de cores que reina neste país,
é a receita engenhosa de um povo valente e feliz...

O sol que banha esse gigante, esse calorzinho genial,
convida à alegria minha gente, - no país do carnaval!

Amantes

Faz de mim o teu refúgio, teu consolo, teu querer.

Faz de mim seu doce vício, uma essência de prazer.

Vem inteiro e sem sensura, deixa tudo acontecer.

Vem provar o sabor da lua até o dia amanhecer.

Deixo a porta entreaberta esperando por você.

Deixo um caminho de pétalas pra tentar te convencer.

Em meus braços faz teu ninho, sentirás todo o calor.
Em meus braços é menino, aprendendo sobre o amor.

Acaricia a pele que se entrega sem pensar.
Acaricia com beijos, estes lábios a implorar.

Enrede-se no véu negro que alisa teu corpo e o meu.
Enrede-se nessa história, que uma alma corrompeu.

Não há medo se não há segredos, nem limites sem sentido.
Não há aventura sem desejo, nem loucuras sem perigo.

Vem viver intensamente, cada segundo do meu lado.
Vem viver este sonho ardente, recheado de pecado.

Se entregue sem pudores, aqui tudo pode ser.
Se entregue livremente, como quem sabe viver.

Nada de pensamento distante, agora só eu e você.
Nada que não valha à pena, nada de se arrepender.

Vai, se é chegada a hora, mas não esqueça o endereço.
Vai, mas te espero de volta, - cada noite é um recomeço!

Inspiração é viver!

Inventar amores, paixões, ilusões...

...provar novas emoções.

Fazer ou não fazer sentido, - pode ser muito relativo.

É particular e indescritível o simples prazer de escrever...

Tarde Demais





Não era para doer, mas doeu.

Não tinha que ter significado tanto, mas significou.
Não precisava ter acabado assim, mas foi assim que acabou.
Não podia ter ficado nada para trás, mas ficou!

A despedida que não existiu, me marcou.
Do abraço que não lhe dei, sinto falta.
As palavras que guardei pra mim, me maltratam.
Desde que resolvi partir espero, desesperada, pela volta!

Cada dia uma nova batalha,
e a derrota chega com cada pôr-do-sol.
As noites escuras, são de insônia.
Me pego completamente só.

Passo os minutos apressando as horas,
ansiosa por ver cicatrizadas as feridas.
Só descobri o quanto, verdadeiramente, te queria,
quando a distancia visitou nossas vidas.

Esta Cidade

Aqui nesta cidade tudo é triste.
Tudo é uma grande ilusão!
As ruas não levam a nenhuma parte,
as esquinas cruzam-se na contra-mão.
Desencontros.
Mesmo com todo o ruído, amedronta-me o silêncio.
Mesmo cercada de gente, vivo em solidão.

Nesta cidade de pedras e desafetos
um dia dura uma eternidade.
Caprichoso, passa lentamente e sem graça.
Nada de novo.
Nada de bom ou vistoso.
São as mesmas coisas, as mesmas histórias.
A mesma patética rotina assombrosa.

E o dia desencoraja na cidade do medo...
Medo de não haver mudança, do fim da esperança.
Medo de encontrar numa calçada,
jogado às traças,
planos e sonhos desfeitos.
Perdidos, abandonados, simplesmente desprezados.
Vencidos pela maldade, pela injúria e a ansiedade.

Cidade de bobos, de caciques e lordes,
que parou no tempo, - ou retrocedeu!
Cidade bandida que poda e atrofia
a alma e a vida de quem lhe acolheu.
No asfalto leproso surgem novas feridas.
Que cidade maldita!
Aos olhos do mundo, só mais uma vítima.